Eis que chegas lá ao fundo da sala e a minha distracção cola-se imediatamente a ti.
Vejo as curvas do teu corpo sensual deformarem a matéria de objectos e pessoas por quem passas, com uma gravidade excêntrica de várias estrelas juntas, e os meus olhos orbitam-te como dois planetas desencontrados.
Abro a boca e sai-me uma frase de circo, que talvez seja a minha fala, e o teu sorriso de beijo senta-se escandalosamente no lado mais afastado da mesa.
Volto a mim, mal disfarçando-me de actor e sinto humedecer-se qualquer coisa por baixo das órbitas. Limpo teatralmente, com um guardanapo de adereço fictício, o que talvez seja uma lágrima triunfalmente real.
R Marcial P