18 de outubro de 2010

Potro

Ontem cruzaste-te comigo no Chiado mas não reparaste que eu também me estava a cruzar contigo.
Talvez por ires acompanhada por um desconhecido loiro que galopava bem, deixaste que a tua desatenção exagerasse quando eu esbocei um aceno de mão.
Então passaste por mim como por toda aquela massa anónima de gente ordeira da rua, que sabe tão pouco de ti e que nunca voltaria atrás para um puxão na camisola.
Rapidamente imaginei possibilidades embaraçosas de uma segunda vida de encontro e corri para te apanhar ainda.
Mas tu afastavas-te depressa, num trote de quatro patas loiras, como quem foge exageradamente a um aceno de boca muda numa multidão desarrumada.
Reparei embaraçadamente que a tua vagina estava descoberta ao olhar anónimo de quem adormecidamente a ousasse ver -
Descabimento físico de potro dentro de ti.

R Marcial P