4 de setembro de 2010

Cinzeiro

A fragilidade física na alma daquele que ama, ante quem ama.
A desistência com que decai, amando
O desfalecimento de toda a força de braços a que se sujeita, triste e alegre, numa paranóia de felicidades na hipótese, aquele que ama
E a aspereza funda daquele penhasco seu a que atira loucamente
Todo o lixo de carne e chantagem moral.
Lá em baixo, o amado protege-se do cheiro incómodo
Mas não o deita fora por fome no ego
Ou por ter uma alma gigante de pena...

Amo todos aqueles que entregam o seu grande destino à banalidade de uma paixão inteira e desagradável.
Ao vosso masoquismo!
O vosso, é o meu masoquismo multiplicado
É o que sinto por vós, vezes o que sinto dentro, quando sinto que amo extremamente
Esse despojamento irracional do ser-me
Esse choro interno, disfarçado de simpatia e vassalagem no sorriso.

Amo-te toda.
Mas se ousasses responder-me, apagarias tudo o que te tenho dito escondidamente...

É esse sórdido cordão oco de silêncio e indiferença que vai mantendo vivos em cativeiro, todos os amores-refém.
E é o lento entardecer da vida que, como o cigarro de merda, os esgota entre dedos de carne, que vão escrevendo coisas até se esquecerem num cinzeiro, alguns metros dentro do chão

R Marcial P